domingo, 23 de outubro de 2011

Dose de Tristeza

É difícil para uma pessoa extremamente alegre, embriagar-se de tristeza. Por onde passo, vejo nas ruas cantos fúnebres e são noites e mais noites traiçoeiras “fale com Deus, ele vai ajudar você”, Porém ele não tem ajudado muito, é verdade. A descrença e falta de fé andam me sucumbindo e o contato com a espiritualidade está quase morto dentro de mim, logo eu, tão otimista em relação ao mundo, a humanidade e a doutrina espírita cristã.

Existe um vendaval de surpresas que enchem o balcão do bar com várias doses de melancolia, saí entornando cada uma delas, sem distinguir a minha capacidade de suportar o peso nos ombros, colhi as dores dos olhares vizinhos, e não consigo fixar meu olhar em outro olhar, não é por não inspirar confiança, ou por haver mistérios contidos em mim, simplesmente não gosto da leitura que fazem de minha íris. Raras vezes, sou permissiva e deixo-me invadir por olhares doces e sutis. O meu escudo tornou-se maior que eu, depois de tanta desilusão.


Talvez tenha talento para ser Robinson  Crusoé, e por isso vivo sempre tão desconfiada dos perigos, contraditoriamente deixo-me levar quando encontro conforto ou posso ter braços consolativos para alguém, se há algo que não me abandona jamais é meu lado maternal. Nasci para ser mãe e provavelmente não serei. Burlei todas as regras na infância quando largava as bonecas para jogar futebol e brincar de esconde- esconde na rua, sempre tive pernas curtas, no entanto, sempre corri demais e nunca fui o conta na brincadeira. Minha velocidade e a falta de trato com as bonecas teve uma consequência gravíssima, corri de mim mesma.