terça-feira, 30 de março de 2010

dose sozinha











"Quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho?
Vivo tranqüilo, a liberdade é quem me faz carinho
No meu caminho não tem pedras, nem espinhos
Eu durmo sereno e acordo com o canto dos passarinhos"

Composição: Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte 




Cantares

canção liberta 
a janela aberta sorve a solidão diurna
as palavras não suportam o possível

entre impossibilidades 
voz

entre impossibilidades
o quarto esconso a suporta

lira do vento marinho
Lírio-do-mar

 

(Juliana Trentini) 

segunda-feira, 8 de março de 2010

Segunda dose vazia













Mais leve que o nada.

O nada pesa no pensamento com o desejo irresistível de deixar de ser impenetrável.

E há nessa palidez um universo repleto de segredos que nada aparentam.

E é nesse vazio forçado e fingido que se constitui o espetáculo das máscaras.

E não tem como ser diferente. As cores ludibriam os verdadeiros interesses e o amor se apaga diante da impossibilidade de ser palpável e concreto.

O nada de leve não tem nada

Me leve para outro lugar, qualquer lugar que esteja cheio...

Cheio de sonhos.

a música solta da segunda dose vazia










Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui

Já estou vendo TV com companhia

Capital Inicial

o verso solto da segunda dose vazia











A terra tépida ainda guarda os últimos segredos

Vicente Huidobro

segunda-feira, 1 de março de 2010

Dose reveladora














Eu não sou o tipo de mulher que vai para a guerra

que amola as facas

que corta e faz sangrar.



Eu sou o tipo de mulher que tem os curativos guardados na maleta de primeiros socorros

que tem um ombro amigo

uma palavra errada que acerta, uma palavra certa na hora errada

que tem um poema e/ou uma canção eternamente guardados no bolso, na mente e nos dedos.



Eu não sou o tipo de mulher que vai lutar até o fim

eu cavo o fim antes da derrocada

abandono o barco

e observo a partida com um olhar choroso e conformado.



Eu não sei qual tipo de mulher eu sou

nem sei se existem tipos

apenas somos, apenas sou...

alguém que não gosta de provar nada

quem quiser que prove se eu aprovar

e aprove se provar

caso não aprove

faça o favor de pegar seu rumo

e vê se não me amola!


Dose Vazia










- Mais nada, para sempre!

E o silêncio ergueu paredes e nas molduras a languidez de uma voz muda gritava.

Teve medo da imortalidade e se eternizou.


"Há o temor de partir durante as refeições,
dormir morrendo, morrer dormindo,
sem digerir a vida."
(Carpinejar)


E o lugar vazio permanecerá

até a volta de quem deixou a mesa posta e a cadeira assustadoramente aparente

sem vestígios de alguém.