sexta-feira, 16 de abril de 2010

dose bucólica













o quarto é um sertão noturno
há um vento frio na cama
o pensamento repleto de estrelas

uma dose de bucolismo invade
colhe flores nos lençóis
planta sementes no travesseiro

o dia amanhece
penetra

sol abrasador
brechas no telhado

o galo canta

o cheiro do café
fermenta os sentidos olfativos

os cílios despertam
cores diurnas
percebe o cinza

constatação:
sua vida ainda é urbana.

(Juliana Trentini)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

dose estranha












- É uma dor estranha.

  devagar.

- Morrer de saudades de algo que nunca voltará.

        
(do livro Seda)

terça-feira, 13 de abril de 2010

dose falecida parte II











- Você estava morto.

disse.

E no mundo não havia mais nada de belo.

Saideira












Despedida.

Ligeiramente áspera. Desencontro mutuo, já sabíamos. Não é surpresa, o prazo de validade venceu como todas as coisas que nascem com essa condição de estado, passagem, passaram.

Aspirina em copo de água, esse foi o tempo em que se desenvolveu o mini conto e a cor é laranja assim como o sabor.

O desejo que fica é de um caminho de seda, de eterna sedução, deslizando entre as palavras e vendo as cores petrificarem-se vivas no falecimento das possibilidades.

(Juliana Trentini)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

dose falecida













" O medo é de de dormir na luz
  Lamento ter sido indiscreto com minha dor
  E discreto com minha alegria.

Só na velhice a mesa fica repleta de ausências"

    (Carpinejar)




minha velhice chegou mais cedo
aos vinte e poucos anos a vida me condenou.

Eu já morri.
ainda respiro
envolvida nas cores das borboletas

quarta-feira, 7 de abril de 2010

dose de poesia potiguar

sem título ou ... faróis em minha neblina ou ironia do destino ou do que poderia ter sido e que não foi












E eu,
que sempre quis
ser neblina,
só consegui
ser farol
numa de suas
Esquinas

Ilane Ferreira

dose de desencontro encontrado











eles sentem o cheiro de chuva
nasceram velhos
crescem infantilizados

o livro novo tem mais aroma
que o asfalto correndo sob os pés
o olfato gostaria de apreender os poros

rasura
apaga
esquece

esquece?
Adormece.

(Juliana Trentini)

terça-feira, 6 de abril de 2010

dose abrigada nos olhos











rostos mudos
denuncia

palavras sem subterfúgios
minúcias

olhos desconhecidos
cegueira transitória

um verbo
e o universo já não significa nada

(Juliana Trentini)

dose de intertextualidade














Quase uma garrafa !



Dose pensativa: com cafuné ...
Dose de possibilidade: um sonho bom !
Dose de arrebatamento: num dia de chuva ...
Dose manipulada: o horizonte !
Dose emitida: um bom sorriso,
Dose de paixão: uma boa gargalhada !
Dose de coragem: mais além ...
Dose de admiração: do cantor a voz, do poeta a alma !
Dose de Cazuza: Pequenas poções de ilusão
Bebendo-te: lendo-te !

Johnny Almeida