quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Dose de entrelinha

Há segredos
silêncios revelados nas falas aleatórias
histórias
desconheço
descompreendo os sentidos

ninho ninho ninho
pássaro avoa e gosta de voltar

a árvore entra no meu olho
observo as miudezas
magoa
o universo de incertezas

chão firme
sem voz embargada
sem noite de lua
sem promessas nuas


só os braços da madrugada...

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Dose sem dose












hoje vou dormir sem seus olhos
a cama está mais vazia
caço cortinas para fazer cobertores de vento
não há vento
cato
cata-vento
recolho palavras
do chão
assim aprendi
poesia nasce de escovas de dentes ou cabelo
os dentes sempre têm histórias para contar
eles auxiliam a língua
eu sempre tenho histórias para contar
eu sou a língua
com e sem literatura
depende do objetivo
ou objeto
gosto de ser objetiva
e objeto também
quando últil para mim mesma
e para seus olhos adormecidos
o meu cabelo ficou na escova
levou meu pensamento aos fios
os fios são largados com o pensamento que não precisamos mais
mas são histórias fiadas em cores e camadas
volto para a cama
e sonho
Morfeu traz seus olhares

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Dose de Pressa


Os livros já pouco dizem
não adianta conhecer tantos países
e paisagens
é papel

papel se desfaz com as águas
correntes desse céu
e corro corro apressada
ouvindo o conselho do amigo
um dia comigo
dividiu o horizonte

hoje
andamos sozinhos
aos montes
dispensando carinhos superficiais

a vida
a vida é muito mais

"então eu corro demais, corro demais"

só para me ver bem

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Dose de Final Feliz

"This is a happy end cause'
you don't understand
everything you have done why's
everything so wrong"


A literatura me ensinou: A manter o estranhamento das reflexões, dos acontecimentos e das sensações.

Na infância, acreditava nos poemas de brinquedo, nas histórias de terror contadas pelos amigos mais velhos na calçada, tinha medo de fogos, mas gostava de me arriscar estando sempre perto dos meninos nos momentos "explosivos" e meu coração acelerava feliz e assustado a cada pequeno "bum" que parecia tão estrondoso, ao menos para mim e meu cachorro, o som alcançava maiores dimensões, ele corria para debaixo de minha cama e eu com minha forjada coragem, apenas tapava os ouvidos, no entanto me mantinha próxima para não perder nenhuma emoção.


E há coisas que furtamos da infância para a nossa vida adulta. Continuo sendo a covarde corajosa de sempre, procurando o “bum” momentâneo e com isso escolho as relações mais efêmeras, mais intensas e desastradas. Pego o barco passageiro contido em sua mão, nas suas palavras e atitudes confusas e um tanto quanto infantes e vou controlando a nau desses corações de ninguém que gostam apenas de compartilhar canções, risos pueris e carinhos desajeitados.

Esse é meu final feliz, sem ambições de alcançar uma plenitude, pois com os contos de fada, aprendi a viver fantasias e fingir acreditar para ter meu momento lúdico, a música me ensinou a bailar conforme seu ritmo, e a literatura...”a literatura não prestou para me entender”.

domingo, 6 de novembro de 2011

Dose de densidade relativa

Ela permite que ele invada seu silêncio, com isso comete um equívoco, sua reflexão introspectiva é arrancada, algumas vezes diluída. E todo seu universo perde o sentido.


Qual a necessidade de risos superficiais? De máscaras noturnas? De cores de tinta guache, se quando a manhã chega com suas águas ,lavando a cidade, tudo desbota e versifica a paisagem com verde e cinza.


Ela não deseja expressionismo nem cubismo em sua tela, também não deseja significantes com significados apenas estéticos. Quer que a vida seja uma parede em branco e venha uma criança arteira e risque toda de lápis de cera sem nenhuma forma, sem sentido algum, para oferecer à vida massa e volume com tons abrigados em um teto, sem risco de degradação, ou com todos os riscos...