sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Dose de escolha

É muito doloroso deixar partir. Sempre achei mais difícil para quem fica. A inércia, o silêncio, as cortinas, os mesmos livros.

Quem vai, tem as avenidas, as passarelas, o barulho e os erros para escorar-se. Fraqueza. Burrice. Estupidez. Como é fácil errar e chorar pitangas, como é fácil lamentar os tropeços.

Difícil mesmo é estar certo e sofrer, dor é arrumar a casa, preparar perfumes e canções, aquecer o ninho e ver que há uma brecha na janela deixando o vendaval de friagem adentrar e congelar todo o ambiente. Doloroso é fazer tudo certo e ainda assim errar, errar por confiar, errar por amar, errar por se doar. O mundo virou uma inversão de valores e salve-se quem puder!

E eu mantenho os meus, mas crio mecanismos de defesa sem fim, eu desisto, desisto sempre. Entrego-me ao vazio dos dias, com sabor de filme antigo com trilha sonora do Sinatra. E escolho o erro de não tentar e no lugar de pensar em sóis, sorvo noites em goles lunares.

Há de existir melodia melhor que meu silêncio, e saberá cantar na hora certa.

"É melhor viver derrotado do que morrer com a vitória"

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